segunda-feira, outubro 20, 2008

Discografia Imprescendível 015 - Fausto; Por Este Rio Acima (1982)


A obra maior de Fausto foi dos primeiros disco de que me lembrei quando criei esta rubrica mas somente agora ganhei coragem para escrever sobre ele. Por ser um dos trabalhos de que mais gosto e devido à sua enorme qualidade musical e poética, tive receio de escrever umas míseras palavras sobre este disco maior da música portuguesa. Por isso optei por esperar e escrever com uma certa dose de humildade pois esta obra assim o merece.


Por Este Rio Acima conseguiu o que até então apenas José Afonso havia conseguido com o álbum Cantigas de Maio, um trabalho radicalmente diferente de tudo o que até então se fizera na música popular portuguesa. A diferença não se encontra somente na música mas também na poesia, bem como no conceito estético que permitiu que a MPP fosse entendida como uma identidade cultural com expressividade variada e não como um modelo formal uniformizado. A narrativa musical e poética assume aqui uma densidade nunca antes experimentada.


Por Este Rio Acima é o primeiro disco da trilogia (inacabada) sobre a diáspora portuguesa, baseando-se nas viagens de Fernão Mendes Pinto relatadas na “Peregrinação”. Mas é mais do que isso. Fausto pega na heroicidade típica dos relatos dos feitos portugueses além-mar, juntando em tons irónicos a miséria, a tristeza e as agruras de um Portugal saído de uma ditadura. Canções como Navegar, Navegar, ou O Barco Vai de Saída, ficaram indelevelmente na memória colectiva, pelo menos dos que têm agora mais de trinta anos. No entanto não podemos esquecer músicas como Porque não Me Vês, Como Um Sonho Acordado e O Que A Vida Me Deu, que deixam marcas profundas no ouvinte e elevam este duplo álbum a uma matiz de excelência.

3 comentários:

ElSaxoo disse...

um album que é obrigatório ouvir.

Anónimo disse...

Sem dúvida, um disco imprescindível ;)

Marianita

Anónimo disse...

Fausto comove quando canta, enxota a mediocridade só porque não consegue deixar de ser genial. Canta o verdadeiro Portugal - a verdadeira alma dos verdadeiros portugueses - aquele que ainda não se cumpriu. É uma janela para aquilo que tarda a cumprir-se.