sábado, maio 09, 2009

Discografia Imprescendível 017 - Miles Davis; Bitches Brew (1969)

Miles Davis é mais admirado e imitado trompetista de jazz de todos os tempos. A ele se deve a renovação do cool jazz e do hard bop, sendo também o mentor da improvisação modal a partir do revolucionário Kind of Blue, até chegar ao que podemos de apelidar a sua “fase electrónica”. Miles Davis foi dos músicos de jazz a grangear a fama que estava reservada às “estrelas” do rock. Os seus discos são dos mais vendidos dentro do género, rivalizando com alguns artistas pop. Em meados dos anos 60, Davis era conhecido como Mr. Cool, mas a sua linha musical mudou quando abandonou o hard bop para a sua fase mais controversa, em que fundiu o jazz com o rock. Nessa época formou uma banda munida de instrumentos electrificados e usou efeitos sonoros nas suas gravações. As fases de renovação são particularmente notadas na sequência ESP e Miles Smiles, ambos de 66, Sorcerer e Nefertiti, de 67, Miles In The Sky e Filles de Kilimanjaro, de 68. Com In a Silent Way, de 69, surge Wayne Shorter, considerado por muitos como o grande seguidor de Davis na revolução sonora. Nesse trabalho participaram igualmente Dave Holland, guitarra, e John McLaughin, baixo, oriundos do mundo do rock. Anteriormente, em Fillis…, participaram um “tal” Chick Corea, descoberto por Miles, e um senhor que se dava pelo nome Herbie Hanckock… Boa companhia, portanto… O paradoxo sonoro viria em 70 com Bitches Brew. A crítica dividiu-se, achando os mais conservadores que este trabalho era um suicídio artístico. Em Bitches Brew, Davis, amplia as experiencias, rodeando-se de um grupo de músicos incomum, com uma vertente rítmica no mínimo invulgar, três pianistas, um guitarrista, um baixista, três bateristas e um percussionista. E tudo isto ligado à electricidade. Para completar, o trompete de Miles estava ligado a um pedal wah-wah. Miles Davis embrenhou-se num terreno para onde nunca ninguém tinha levado o jazz, conduzindo-o a uma mudança radical que da qual sempre foi muito atrito a falar. Sabe-se que Davis andava na altura muito impressionado com as actuações de Jimi Hendrix e das suas ideias psicadélicas, conduzindo-o a uma série de experiências. O corolário dessas experiências foi uma mescla sonora que possuía elementos percussivos idênticos aos da linguagem do rock. Controverso ou não, Bitches Brew é um marco importante, não só na carreira de Miles Davis, mas sobretudo no próprio jazz e na música de fusão. A sonoridade do jazz e da música moderna já mais viria a ser a mesma depois deste disco, tendo influência várias gerações de músicos.






1 comentário:

Anónimo disse...

Só fazendo uma pequena correção. John Mclaughlin é o guitarrista e não o baixista que gravou o histórico "in a silent way" com Miles. Já Daves Holland tocou o baixo no mesmo.