quinta-feira, abril 13, 2006

Balanço do Gouveia Art Rock 2006

Afinal a música progressiva ainda mexe. Apesar de todas as questões e dúvidas sobre o que é a música progressiva, este tipo de música (ou melhor, estes tipos de música), continuam a seduzir muita gente. Conotado com os anos 70, odiado pelo movimento punk e considerado “piroso” por muito boa gente, ficou demonstrado no GAR 2006 que o público não era constituído somente por gente que passou a sua juventude nos idos anos 70.
Um aspecto relevante neste festival foi o número de pessoas vindas dos diversos cantos do mundo. Segundo a organização, havia pessoas de Espanha; de França; da Inglaterra; dos estados unidos da América e do Chile! Outro aspecto interessante foi o convívio dos músicos com os seus fãs nos intervalos das actuações. Salutar sem duvida, não existindo barreiras de comunicação. Contudo, ficou demonstrado que existem algumas lacunas na organização, mais concretamente no espaço da sala onde se realiza o festival. Seria bom poder mudar para outro espaço mas é seguramente algo de difícil concretização
É difícil dizer qual foi o melhor concerto dado a elevada qualidade das bandas presentes. Os Amon Düül II foram uma grande surpresa. Conheço relativamente bem a obra destes germânicos, mas nunca pensei que 40 anos depois de terem começa a sua carreira, conseguissem mater tal frescura e vitalidade em palco, mantendo uma capacidade de improvisação impressionante que se revelou mais evidente quando a energia falhou por duas vezes. Foi sem duvida um momento único e inesquecível a que tive o prazer de assistir.
Desconhecia totalmente os belgas Present que apresentaram um dos concertos mais impressionantes do festival. Apresentando uma música constituída por camadas, às quais vão acrescentando ritmo e novos elementos até atingir o ponto de saturação, introduzindo então novas estruturas e começarem a desenvolve-las novamente. Cruzamento entre rock, industrial e free-jazz, estes Present trouxeram uma sonoridade bastante agressiva, atingindo a raia da impossibilidade auditiva. Aconselho vivamente a ouvir os trabalhos desta banda mas sem auscultadores, pois arriscam-se a ficar com sérios danos auditivos. Último destaque para o baterista que com um sentido de humor bastante elaborado encantou o público, e, tudo servia para “bater” na bateria, desde colheres de pau, tesoura, correntes e bonecas barbie que pelo caminho foram decapitadas!
Os Alamaailman Vasarat, são uma banda tão difícil de classificar como de prenunciar. Numa mesma música, vários estilos se podem entrecruzar, desde o trash-metal à música dos balcãs ou judaica e o pop-rock. Com uma postura em palco bastante alegre, estes finlandeses souberam cativar e animar o público presente.

O concerto de Peter Hammill era das actuações mais aguardados do festival. Uma legião de fãs conhecedores da sua extensa obra deslocaram-se a Gouveia. Hammill realizou um concerto intimista, tendo actuado a solo, apenas um piano e uma guitarra com instrumentos. Mais uma vez ficou patente a capacidade lírica e musical de um dos mais importantes compositores da segunda metade do século XX.

Aguarda-se com expectativa o próximo festival de Gouveia, esperando que este possa crescer.

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