terça-feira, dezembro 23, 2008

Momentos de 2008 # 1

No final de cada ano faz-se o balanço do que ficou para trás, muitas das vezes com grandes lacunas, pois a memória por vezes é curta e essencialmente porque não temos a capacidade de absorver tudo o que nos rodeia. Muito ficou por ouvir, e daqui a uns meses ainda vamos estar a ouvir coisas de 2008 e a pensar como foi possível que isto nos tivesse passado ao lado, é sempre assim, todos os anos. As famosas listas dos melhores dos anos terão sempre falhas que poderão ser colmatadas ao longo do tempo. É assim a realização do processo histórico, a continua acumulação de dados de modo a perfazer o conhecimento. A produção musical foi extensa, variada mas (na minha modesta opinião) menos rica do que no ano anterior. Não deixa contudo de ser uma boa colheita, em que estilos musicais que normalmente têm pouco realce ganharam subitamente destaque. A nova folk ganhou alma sobretudo com os Beach House e os Fleet Foxes, que têm arrebatado a crítica e os primeiros lugares nas famosas tabelas da imprensa de especialidade. Para este sucesso algo inesperado, muito tem contribuído a força a cada vez maior importância da divulgação de bandas pouco conhecidas pela comunidade de blogues da internet, que muito ajuda na criação de sucessos. A chamada world music, conheceu este ano mais um grande momento de afirmação. Mais uma vez, a blogosfera muito ajudou na difusão de artistas que normalmente não têm acesso a grandes meios de divulgação. Artistas como Toumani Diabate e Rokia Traore trouxeram até nós dois dos mais importantes trabalhos do ano. No que diz respeito à música produzida em Portugal, a oferta foi variada, mas sobretudo em rica em qualidade. Novas bandas viram os seus méritos reconhecidos, graças a uma clara aposta na originalidade dos seus produtos (tendo em conta ao que por cá se faz). Para tal muito contribuiu o programa KM0 da RTP 2 que deu a conhecer alguns novos projectos, sobretudo na área da pop alternativa. Infelizmente, o número de vendas de cd’s continua a decair, o que revela ser deveras preocupante.


Muitos concertos ficaram por assistir (mesmo muitos). Devido a questões de diversa ordem foram poucos os concertos a que pude assistir, não me atrevendo a realizar a tradicional lista de concertos, pois resultaria em algo completamente ridículo. Foram muitas as bandas que passaram por este rectângulo à beira mar plantado, e mesmo em tempo de crise os concertos e as novas salas de espectáculo surgem como cogumelos. O decréscimo das vendas de cd’s leva a artistas e a editoras a promoverem cada vez mais espectáculos. Esta é uma das formas encontradas para combater a baixa de vendas provocada pela pirataria, e é das que se assegura ser mais eficaz. Com isto, quem ganha é o espectador que tem à disposição muita e variada oferta. Saliento no entanto a vinda a Portugal pela primeira vez dos Silver Mt. Zion, o concerto de Neil Young e o de Rokia Traore que para muitos foi o melhor concerto de Sines em ano de comemoração da décima edição.

Sem comentários: