segunda-feira, fevereiro 09, 2009

KTU, Quiver


Quando comecei a ouvir o novo disco dos KTU, Quiver, de seu nome, o tão aguardado novo trabalho de Pohjonnen e companhia, estava com uma daquelas dores de cabeça por falta de cafeína, um gato a miar apos ter sido capado e sono, muito sono, depois de uma semana praticamente sem dormir… Confesso que há primeira audição o disco não soou nada bem. É verdade que as condições físicas e psicológicas da altura não terão contribuído para uma boa audição. A meio do disco dei por mim a perguntar-me onde estava o acórdão vindo directamente do inferno com que Pohjonnen tem por habito brindar as suas composições. Onde estavam as explosões de insanidade sonora características do primeiro álbum, 8 Armed Monkeys? Bem, na verdade, e após mais algumas audições, verifiquei que o acordeão está lá. Escondido, é certo, mas está lá. Demasiado entrelaçado entre os outros instrumentos, perdendo o protagonismo habitual. Os Ktu em Quiver exploram mais a sonoridade dos instrumentos, deixam de lado a artimanha fácil de fazer explodir os decibéis, privilegiando a melodia, fazendo fluir de uma forma progressiva. Tal facto não é estranho tendo em conta as origens musicais de Trey Gunn e de Pat Mastelotto. Todo o seu percurso musical foi feito no seio da música dita progressiva, tendo ambos tocado em bandas como os King Crimson e os TU, que alias já visitaram Portugal. Alias, o som característico de Trey Gunn é mais evidente neste trabalho do que no anterior. Melodicamente os KTU sem Samuli Kosminen estão mais elaborados, diria mesmo, mais ricos, com uma linha instrumental muito próxima do rock progressivo. Isso é bem evidente nas faixas Kataklasm, Quiver e Purga. No entanto, o grande problema do disco (na minha modesta opinião) é a falta de amadurecimento das músicas pois elas parecem-me muito contidas e curtas. Ou seja, as canções necessitam de ter mais tempo para puderem evoluir de forma natural para os músicos explorarem os seus instrumentos. Talvez isso venha a acontecer ao vivo onde normalmente os músicos extrapolam a sua criatividade de uma forma mais impulsiva e sobretudo com uma mistura de sons diferente da que encontramos no disco. Uma montagem diferente teria feito milagres neste álbum, onde alguns instrumentos parecem andar meio perdidos e com um som geral algo “baço”. Para quem gostou muito de 8 Armed Monkeys vai ser seguramente difícil gostar em iguais proporções deste Quiver, sendo necessários mais audições para entrar no espírito do disco. Mas apesar de tudo é um álbum que merece ser ouvido com muita atenção, e diversas vezes. Com o acumular das audições tenho vindo a gostar mais deste Quiver, agora espero ver é como o trio transforma isto ao vivo…


Ponto de Escuta:

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