
Songs of the Pearl, o terceiro longa duração dos americanos Arbouretum e o primeiro em que a formação é idêntica em todos temas. Desta vez os Arbouretum contam com Dave Heumann na guitarra e na voz, Daniel Franz (que também participa ocasionalmente nos Beach House) na bateria, Corey Allender no baixo e Steve Strohmeier na guitarra. Em relação ao álbum anterior, Rites of Uncovering, este Songs of the Pearl apresenta uma linguagem mais directa, de certa forma mais simples. Esse factor não constitui em si mesmo um valor negativo, antes pelo contrário. As características sonoras mantêm-se intactas, com as guitarras a alternarem entre o ritmo “pesado” e o simples dedilhar em busca de uma melodia que progride de forma natural. Os temas alternam entre o devaneio controlado com distorção quanto baste e a voz nasalada de Heumann. No fundo estamos presente a um disco folk-rock com pinceladas psicadélicas, agora em menor número dos que os trabalhos precedentes. Este Songs of Pearl exala uma certa dose de esperança, algo novo na trajectória dos Arbouretum, que no entanto é contraposta pela voz grave de Heumann.
Gravado em apenas dois meses, o álbum abre com False Spring, um tema que vive muito à custa de um ritmo pesado de guitarra que embate em doses sucessivas na parede até finalmente a quebrar e explodir em solos bem ácidos, por sinal. Nesta faixa (bem como nas seguintes) nota-se a preocupação com os arranjos, bastante mais elaborados do que nos anteriores trabalhos. A lista de instrumentos utilizados aumentou e deparamo-nos de tempos a tempos com guitarras acústicas, pianos e címbalos, tudo com o intuito de criar um ambiente mais “acolhedor” e mais psicadélico. Aliás, o cuidado dos arranjos, principalmente com os de cordas, muito da responsabilidade de Walker Teret, dão a este tema um ar mais barroco. Ok, pode ser um exagero dizer barroco, mas ultimamente esta palavra salta frequentemente à frente dos meus olhos… Os elementos escritos sempre foram um ponto importante para a banda que se inspiram com frequência na cultura tradicional das ilhas britânicas o que reforça a ideia de um certo ar folk, barroco. Bem, o importante no meio disto é o facto de a letra e a orquestração se complementarem, unindo-se num só.
O lado emocional das letras reporta-nos para os “songwriters” como Dylan, não admirando que o último tema dos disco, Tomorrow is a Long Time” uma canção antiga de Bob Dylan surja no disco, de forma quase irreconhecível, é certo, mas reforça um certo ar folk que os Arbouretum. O ritmo lento com que o tema é recriado e a voz arrastada consegue captar de uma nova forma os lamentos de Dylan.
Songs of Pearl é sem duvidas um dos discos mais interessantes que viu a luz neste inicio de ano e bem ajudar a consolidar a sua posição de relevo no seio do género folk-rock, psicadélico,heavy e mais alguma subcategoria que se possam lembrar. É certo que este trabalho não atingira os píncaros das luzes da ribalta, mas também o que isso importa. O fundamental é o resultado da audição e o que dela se extrai. Pelos menos a critica, muitas vezes avessa a falar bem seja lá do que for, tem exaltado os recentes trabalhos de Dave Heumann, e nada tem para não o voltar a fazer desta vez. Agora resta esperar que na digressão que Heumann irá realizar, os bons ventos o traga a terras lusas.
Myspace: Arbouretum
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