terça-feira, abril 21, 2009

Fork in the Road, Neil Young


Muito se tem escrito nos últimos meses sobre o novo disco de Neil Young, Fork in The Road, sendo poucas as reacções positivas. Muitos têm “crucificado” Young ao longo da sua carreira, ora porque faz um disco eléctrico ora porque faz um disco folk. É difícil agradar a gregos e a troianos… A dualidade musical de Young tem gerado controvérsia ao longo das quatro décadas de carreira, balançando as suas composições entre temas políticos e temas mais intimistas. Mas o que se pode esperar de um individuo de 63 anos, uma lenda viva da música, fonte de inspiração para várias gerações de músicos? Fazer aquilo que ele faz de melhor. Fork In The Road nada de novo traz ao panorama musical, mas também quem estaria à espera de uma revolução… O tema principal deste novo disco, que se pode afirmar como sendo conceptual, é o automóvel e a obsessão de Young quanto ao tema das energias alternativas para a indústria automóvel. Young tem andado envolvido no projecto LincVolt que consiste na transformação de um Lincoln Continental de 1959 num veículo amigo do ambiente. No entanto, o disco segue a linha política de Living With War de uma forma mais directa, utilizando o mesmo tipo de comentários irónicos do trabalho anterior em relação à destruição do meio ambiente mas celebrando o mundo automóvel.

Não vou entrar em grandes considerações sobre a qualidade musical deste ou daquele tema, muito menos sobre as qualidades (ou falta delas) vocais de Young. Dylan é dos piores cantores à face da terra mas ninguém o critica por isso. Infelizmente no caso de Young, tal vez por as suas músicas e as suas opiniões incomodarem muita gente, vem sempre a baila o assunto das suas qualidades vocais. O importante neste disco é a mensagem que é transmitida. Se no passado criticou abertamente as questões da guerra e de várias administrações americanas por que não falar agora de questões ambientais e dos negócios e interesses das companhias petrolíferas. Young sempre escreveu sobre temas polémicos e actuais, políticos e não políticos, e em tempos de crise global, outra coisa não seria de esperar de Young. Numa altura em que outros artistas percorrem outros caminhos, Dylan exclui-se do mundo politico e Springsteen anda com a cabeça cheia de sonhos, Young continua com os pés assentes no chão, cantando sobre e para o “homem-comum”. O título do álbum, Fork In The Road, é uma analogia sobre da velha (recente) América da era Bush e a nova visão de Obama (seja ela qual for). Não sei se este disco entrará para a galeria de clássicos como Harvest e de After The Goldrush, mas é seguramente um álbum representativo da história contemporânea.


Para os interessados na história do LincVolt, podem aceder ao site de Young, onde é relatado a transformação do velho Lincoln de 59 num carro eléctrico.

Ponto de escuta: Myspace de Neil Young

1 comentário:

Spark disse...

Sinceramente até estou aprender a gostar mais deste álbum. Não o acho assim tão mau como o pintaram.

Concordo com aquilo que disseste.
O que está forte neste novo álbum é sem dúvida a mensagem.

Neil Young continua a ser um excelente músico, e isso viu-se o ano passado no concerto em Lx no OptimusAlive. Foi um profissional em palco, que de Bob Dylan já não posso dizer a mesma coisa.

Abraço