quarta-feira, abril 15, 2009

Hildur Gudnadóttir, música para nuvens


Hildur Gudnadóttir é uma violoncelista com um historial de colaborações impressionante onde se destacam os trabalhos realizados com os Pan Sonic, Throbbing Gristle, Johann Johannsson, Skúli Sverrisson, Bem Fros, entre outros. Para além desses, é membro do colectivo islandês Kitchen Motors. Da sua discografia destaca-se a participação com os Pan Sonic no álbum Katodivaihe. O seu segundo em nome próprio, Without Sinking, é sem dúvida o disco mais intenso e coeso da islandesa. Segundo a sua própria descrição, Hildur passou muitas horas em aviões a olhar para as nuvens como meio para obter inspiração para a sua música. “I wanted to have open space for single notes and let them breath, like single clouds in a clear sky. As a contrast I also wanted to create denser and heavier compositions which were more thundercloud like. I like the way clouds form, how many tiny droplets can form such dense forms and then slowly evaporate into thin string-like forms”. O som que Hildur cria assemelha-se a uma pintura com uma pureza mística, e o tema de abertura é um bom exemplo disso. Pode-se questionar como é que um disco pode sobreviver durante quase 50 minutos apenas com um violoncelo. Na verdade, Hildur cria vários sons com o seu instrumento, aplicando-o em camadas sucessivas criando uma harmonia impar no panorama musical actual. Para além disso, o álbum conta também com as participações Skúli Sverrisson, Johann Johannsson e o pai de Hildur, Guðni Franzson. No tema Aether, Hildur introduz a harpa, num registo simples mas que simultaneamente tem a capacidade de um toque extra à melodia já de si deveras interessante. Na peça final, porventura a mais densa do disco, Hildur aplica um drone ondulado com as suas cordas e sons de fundo quase imperceptíveis. O espaço deixado entre as notas cria tensão e expectativa não permitindo que o ouvinte relaxe em demasia no conforto da sonoridade.


Ao contrário do que se pode imaginar por esta descrição, não estamos perante uma obra que se possa classificar como “clássica”, bem pelo contrário. Hildur apresenta uma das composições e estruturas estilísticas do mais vanguardista que se possa imaginar. Desde a primeira audição que este álbum me surpreende e me cativa, podendo (e arriscando) afirmar que estamos perante de um dos melhores discos que ouvi nos últimos tempos.


Ponto de escuta:


Hildur Gudnadóttir - Myspace

1 comentário:

rita disse...

escolhas bonitas no teu blog.