Luminous Night, Six Organs of Admittance

Luminous Night marca o regresso de Ben Chasney aos discos de originais ao fim de dois anos. O sucessor de Shelter From the Ash, foi produzido por Randall Dunn, o mesmo que produziu o último trabalho do colectivo Sunn O))), nos estúdios Aleph em Seattle. Eyvind Kang, na viola e Hans Tueber, na flauta, acompanharam Chasney na gravação, contribuindo para o alargar do espectro sonoro. Este novo trabalho está repleto de referências ao imaginário fantasioso, nomeadamente à mitologia grega, apresentando igualmente as já habituais influências orientais. As influências folk psicadélicas dos anos 60 encontram-se bem vincadas no som da guitarra de Chasney, sendo reforçado pelo som da flauta, criando o mais complexo e pretensioso disco da sua carreira.

O disco inicia com o tema instrumental “Actaeon’s Fall (Against the Hounds)”, uma peça que conta a história sobre o herói grego Actéon que observava a deusa Artemisa a banhar-se num rio na floresta. Artemisa, obviamente não gostou e amaldiçoou Actoen, que caso contasse o que tinha vista, o transformaria num veado. Escusado será dizer, Actoen falou sobre a sua aventura e foi transformado em veado, tendo os seus cães de caça comido o seu antigo dono. Bar-Nasha, que significa em aramaico, Cristo, apresenta uma melodia típica de Chasny, acentuada pela flauta, em registo interessante, diga-se em abono da verdade. Segue-se outro tema instrumental, Cover Your Wounds With the Sky, para logo de seguida voltar a cantar em Ursa Minor, sobre o acto de sobrevivência de uma família. Um dos temas mais interessantes do disco, é sem dúvida The River of Heaven, uma longa peça com tonalidades orientais, mas que curiosamente, apresenta linha melódica em tudo semelhante a Empty Spaces, do The Wall dos Pink Floyd. No entanto o tema chave do disco é The Ballad of Charley Harper, que aliás tem servido de apresentação ao novo trabalho de Chasney. Charley Harper, o único de que ouvi falar, é um pintor naturalista americano. Será o mesmo Harper que Chasney canta?

Luminous Light é sem dúvida o mais complexo trabalho de Chasney até ao momento, apostando em arranjos ambiciosos, sem descorar a vertente folk, psicadélica, que marcou o seu inicio de carreira e que lhe granjeou fãs pelo mundo fora. Sem dúvida, um disco para ouvir repetidamente e para voltar de tempos a tempos.

Ponto de escuta:
Cover Your Wounds With the Sky
The Ballad of Charley Harper

Video: Anesthesia