
Mas mais importante do que a música, que é sem duvida brilhante a todos os níveis, o verdadeiro génio de Tibet, reside na mensagem escrita. A esse nível, este álbum é, sem duvida um dos mais intensos que ouvi este ano. Definitivamente, este não é um disco para ser ouvido no verão, com tempo quente e praia. A escuridão fica-lhe bem, pensava eu, como em quase todos os seus trabalhos. “Almost in the begininning was the murderer”, as palavras iniciais do tema de abertura, são ditas no sentido de abrir as portas do mundo profundo e negro de Tibet, onde habitam as duvidas e desejos, o sublime e o medo, o racional e o terror da própria existência.
A paisagem lírica de Tibet, mítica, bíblica e onírica, proporciona por si só, diversas interpretações e, seguramente, permite ao ouvinte vogar em pensamentos, por vezes dispares dos intencionados pelo autor. O real objecto encontra-se por de trás das palavras não pronunciadas, escondidas na aridez da paisagem sonora. A cada nova porta aberta, outras se fecham em par, e paredes de refúgio são erguidas em altura.
Num álbum épico como este, é virtualmente impossível de sintetizar todas as ideias e conceitos, e sobretudo, todos pormenores que se encontram na música e nas letras de Tibet. É um trabalho impressionante desde os primeiros momentos até aos sons finais. Em todas as audições que efectuei deste disco, retive a sensação de exaustão mental, tal a intensidade do registo. Tibet é um ente criativo com a habilidade de manipular as emoções do ouvinte, e sentimo-nos bem por isso…
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