quinta-feira, outubro 08, 2009

Neil Young - A Estrela do Norte #18

Apesar de Young viver na mesma cidade que seu pai, raramente se encontrava, e o diálogo entre ambos era extremamente difícil. As divergências entre ambos mantinham-se. Neil mantinha o “cordão umbilical” ligado à sua mãe, não perdoando o divórcio. O divórcio e os problemas surgidos por tal separação e pela falta de apoio prestada pelo seu pai durante a adolescência viriam a ser temas de várias músicas de Young. Bob Dylan, agora na sua versão acústica, e Jagger dos Rolling Stones, exploravam abertamente os problemas existenciais. A diferença entre a música folk e a pop residia nos assuntos abordados. A folk apresentava um cariz político e social, enquanto que a pop abordava questões mais íntimas, pensamentos e sentimentos. A pop, sobretudo a britânica, explanava a questão das divergências entre gerações, principalmente os conflitos da liberdade pessoal e sexual. A cultura folk circulava por temas de cariz político e social, tendo a generalidade dos cantores americanos tomado uma posição sobre o esclavagismo e o direito dos negros, e sobre a guerra do Vietname. A música pop era de longe a mais lucrativa e chegava mais rapidamente aos ouvidos dos jovens. Dylan tiha provado isso com o seu disco Highway 61 Revisited. No entanto, por de trás do som eléctrico, as letras de Dylan mantinham um cariz folk, com mensagens por vezes abstractas, tal como nos seus discos anteriores. Dylan provava que era possível produzir um disco com sonoridade pop com mensagens folk. Contudo, os dois tipos de publico não se cruzavam. Young, na sua urgência de escrever sobre os seus sentimentos, via no cruzamento da folk com a pop-rock uma oportunidade de se afirmar. Assim podia compor melodias folk com letras tipicamente pop e vice-versa. Bruce Palmer apoiava essa ideia e os dois exploraram as suas potencialidades. Contudo, a questão permanecia; como reagiria o publico à misturo dos dois estilos?

Morley Shelman, o manager dos Mynah Birds, aproveitando o facto de a banda ser multi-racial, tentou uma ligação com a Motown Records. Curiosamente, a editora ofereceu um contrato de longa duração, o que não era usual para uma banda desconhecida e constituída sobretudo por brancos. A formação deslocou-se para Detroit para efectuar uma série de gravações em estúdio durante uma semana. Young estava radiante com a ideia de poder gravar, e Palmer achava curioso estar na meca da música negra, sendo branco… Smokey Robison era o produtor musical do futuro disco dos Mynah Birds. Young foi autor de dois temas, juntamente com Matthews, It’s My Time, e, I’il Wait Forever. Os dois temas estiveram para ser usados como singels, mas acabaram por não serem editados como tal. Tudo ia bem na gravação do disco, e mesmo quando a inspiração escasseava, não faltava o apoio do pessoal da Motown. Durante as gravações, Ricky James Matthews foi preso pela Marinha americana por deserção. O choque foi enorme, pois nenhum membro da banda tinha conhecimento da situação ilegal de Ricky. A Motown Records cancelou a gravação do disco e subsequentemente cancelou o contracto. Matthews viria alguns anos mais tarde voltar a gravar para a Motown Records sob o nome de Ricky James.
Ponto de escuta:
It's My Time




I’il Wait Forever

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