
A digressão de The Wall foi uma das mais elaboradas de sempre, tendo ainda antes do primeiro concerto, sido gasto cerca de um milhão e meio de dólares. O espectáculo é ainda hoje considerado como um marco na história da música. Curiosamente, o espectáculo em si celebrava os sentimentos de um músico contra este tipo de concertos, onde o isolamento e o distanciamento com a audiência conduziram o autor a uma paranóia de proporções épicas. O concerto em si funcionou como uma espécie de catarse onde Waters isolado atrás do muro que construiu evoca os fantasmas que o atormentava.
Somente quatro cidades receberam a digressão, Los Angels, Nova Iorque, Dortmund e Londres. Os custos eram demasiado elevados por isso a banda optou por realizar vários con

certos em cada cidade, de modo a minimizar os custos da montagem do concerto. Os concertos em Earl’s Court foram filmados com o intuito de serem integrados no filme idealizado por Waters. A ideia veio a ser abandonada, uma vez que os directores da EMI não compreenderam o conceito, e porque a qualidade da imagem não era suficientemente boa para ser utilizada em projecção de grande formato, devido à má escolha de lentes. Existem várias versões não oficiais dessas filmagens a circular em VHS e na internet, e todos os anos se especula sobre a edição oficial em DVD. No entanto, e ao que tudo indica, ainda não será este ano que tal edição verá a luz do dia, e as contraditórias declarações de Waters ao longo dos últimos anos, umas vezes afirma que as filmagens estão perdidas, outras vezes afirma que se encontra a trabalhar na sua edição, adensam ainda mais a especulação. O registo sonoro dos concertos em Earl’s Court foi editado em CD sob o título Is There Anybody Out There?, em 2000
O espectáculo em si apresentou características pouco comuns. A banda simplesme

nte tocou, na íntegra, o álbum, não apresentando temas de discos anteriores, como é usual nas digressões. Contudo, os espectadores presenciaram um espectáculo diferente de todos os que já tinham assistido, porcos voadores, aviões, bonecos insuflados, projecção de imagens e um muro a dividir a banda dos espectadores. As relações entre os membros banda conheciam momentos difíceis com Waters a afirmar publicamente que este era o seu espectáculo e o seu disco, Gilmour e Mason tentavam encontrar margem de manobra, e Rick Wright, que tinha sido saído da formação, foi o único a ter lucro com a digressão, uma vez que era músico contratado.
Gilmour e Mason tentaram convencer Waters a prolongar a digressão, desta vez para os grandes estádios, tendo sido à banda um milhão de dólares por concerto. Waters não aceitou, afirmando que seria uma hipocrisia realizar concertos em grandes estádios, onde a distância com o público é enorme, tendo em conta que um dos principais temas do espectáculo era esse.

1 comentário:
Um dos álbuns marcantes da minha vida.
Excelente post. ;)
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