
As ideias apresentadas no álbum são variadas, indo do “tradicional” rock de garagem, com o seu som áspero, passando pelas suaves melodias que partem de simples ruídos. Claro está que isto é uma tentativa de classificar o que por natureza é inclassificável, porque nenhum trabalho da banda germânica se pode atribuir rótulos de forma simples. O som dos Faust sempre se caracterizou pela amálgama de ideias e de conceitos criativos que fogem aos esquemas que os comuns dos mortais estão habituados a produzir e a ouvir. Para quem pensa que com a idade as ideias originais vão rareando, então têm que ouvir este novo disco. Faust Is Last não é propriamente um Faust IV, um Faust Tapes ou um Faust So Far, principalmente porque segue caminhos diferentes e apresentas outras ideias. A primeira sensação que fica da primeira audição é de que não estamos perante um trabalho coeso e de que é necessário ouvir mais vezes o disco.
A música é extremamente cerebral (como em tos os seus discos) apesar das batidas sincopadas e dos gritos que surgem de forma avulsa. Mesmo quando os temas apresentam a estrutura de canção “tradicional”, existe algo na sua linha melódica que complexifica toda a estrutura que nos conduz subtilmente para os cantos mais recônditos do nosso cérebro. E é isso que os Faust sabem fazer, e bem. Talvez a melhor forma de ouvir este discos (e porque não todos os outros dos Faust) seja num estado de alienação alucinogénica, talvez o mesmo estado que estariam os músicos quando gravaram os álbum… Habilmente, os Faust utilizam nos seus temas as duas características mais evidentes do que normalmente é apelidado Krautrock: a repetição até à exaustão, e a construção de novos sons. A estrutura musical com estas duas componentes podem parecer incompatíveis (e são na maioria das novas bandas que se dizem inspiradas pelo kraut), mas que aqui resulta quase na perfeição e da forma mais simples. Os Faust fogem aos enfeites artificiais, deixado a ideia fluir de forma natural até atingir a sua conclusão por si só. Onde a maioria das bandas se lançariam em furiosos improvisos, os Faust atiram sons e notas dissonantes em estruturas melódicas que por vezes são (diria) ridiculamente simplistas. Mas é essa capacidade de apanhar o ouvinte desprevenido que torna o som destes germânicos grandiosos e únicos no panorama musical. E são assim há 40 anos.
Ponto de escuta:
Hit Me
107-faust-hit me by Sons de Musica
Karneval
201-faust-karneval by Sons de Musica
1 comentário:
Gostei do álbum.
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