
As mudanças verificam-se logo na abertura do disco, em White Bird, onde podemos ouvir uma palete de sons agradavelmente concentrada e de forma linear, sempre num registo psicadélico, mas onde mesmo os solos de Heumann se mantêm dentro dos parâmetros da melodia. Tudo é feito com uma precisão meticulosa, onde todas as inflexões foram bem pensadas. Mas não nos devemos enganar por esta aparente contenção, ainda encontramos aqui um livre espírito irrequieto, e sobretudo imaginativo e absolutamente cativante. Curiosamente, ou não, os temas de maior duração são os mais cativantes, onde as rédeas andam mais soltas, arrastando o ouvinte para uma dimensão paralela. São também os temas mais eléctricos, em contraposição com os temas mais melódicos e acústicos do álbum. Alias, os Arbouretum já nos habituaram nos três anteriores trabalhos que são mestres na manipulação da atenção/tenção do ouvinte. Após uma forte abertura, os temas seguintes conduzem-nos a uma acalmia, onde pontuam os temas mais calmos, transportando o ouvinte para paisagens sonoras mais delicadas, para a ¾ do fim voltarem à carga, com aqueles que são porventura as melhores composições do disco. Song of the Nile, com os seus 10 minutos de duração é um bom exemplo disso mesmo, porventura um dos melhores temas da formação.
Em jeito de resumo, The Gathering, julgo estarmos presente ao melhor disco da banda, e seguramente um dos mais interessantes trabalhos que ouvi este ano…
Video: Waxing Crescents
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