
Se no tema de abertura ainda denotamos os recentes devaneios de Tibet, com piano rodeado de theremins e a voz em vibrato triste, nos temas seguintes o álbum afirma em toda a sua plenitude a nova abordagem de Tibet. Os temas Sunflower e Lily, são porventura os melhores exemplos da nova linha orientadora, com Tibet a esforçar para suportar a repetição interminável numa melodia reduzida ao esqueleto. É um risco assumido, quando se passa de paisagens saturadas para melodias nuas, sendo a voz o ponto central e de ancoragem de toda a música.
Honeysuckle Æons vive essencialmente à luz das palavras, ricas em ambiguidade, impenetráveis, negras e cortantes, saídas da mente obscura de Tibet. Ao contrário dos álbuns anteriores em que tudo surgia numa incessante rapidez, aqui tudo é nos revelado no meio do silêncio, pautado pelo som macabro dos theremines. Se nas primeiras audições parece estarmos perante um disco menor dos Current 93, não poderíamos estar mais longe da verdade. Este é um disco para ser absorvido com tempo, numa sala escura, onde cada palavra e cada infecção do texto deve ser ouvida e sentida em silêncio.
Ponto de escuta: Moon
Current 93 - Moon by sonsmusica
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