segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Mono - Hymn to the Immortal Wind


Passados quase três anos sobre You Are There, o ultimo trabalho dos japoneses Mono, eis que surge o tão aguardado novo disco, intitulado Hymn To The Immortal Wind. Este disco era tão aguardado devido ao facto de You Are There ter sido uma relativa desilusão. Não que tenha sido um mau trabalho, antes pelo contrário, apenas seguiram um caminho diferente e não muito conseguido. Apesar disso, esse disco contem uma pérola, Yarning, que é uma das grandes músicas da galeria musical dos Mono. Gravado e misturado entre Junho e Novembro de 2008 nos estúdios Electrical Audio Recordings Studios, em Chicago, pelo mestre Steve Albini, onde se juntaram a uma orquestra de cordas de 26 elementos. Confesso que temia o pior quando soube que os Mono iriam gravar com uma orquestra, normalmente estas experiencias não dão grande resultado, mas a verdade é que qualidade intrínseca da música dos Mono se poderia ajustar na perfeição com uma orquestra. E foi o que aconteceu. O resultado é simplesmente fantástico, tendo os japoneses conseguido produzir o que é provavelmente o seu melhor disco. É seguramente um dos melhores discos do género pos-rock que tenho ouvido nos últimos tempos. Os Mono conseguem mais uma vez inovar, prosseguindo um caminho próprio no marasmo do pos-rock, onde a generalidade das bandas soam ao mesmo, um sobe e desce tipo carrossel, com guitarras emaranhadas e som desconexo, numa tentativa vã de reproduzir a intensidade sonora de uns GY!BE e de uns Mogwai, e por que não, de uns Mono. Nos últimos anos tenho me vindo a afastar deste género musical devido à proliferação de bandas com este tipo de som. No entanto, aguardava com muita expectativa o novo disco da formação japonesa, sobretudo para verificar se a banda ainda conseguiria ir mais além ou se encontrariam estagnados no marasmo criativo que se encontra actualmente o pos-rock. A muralha de guitarras contínua lá, eficaz e aguçada como uma faca cortante, que penetra na beleza inconfundível do som singelo da orquestra. Esta dualidade enriquece de sobremaneira o resultado final, transmitido um espectro sonoro que só está ao alcance dos melhores.

Ashes in the Snow, o primeiro tema do disco, abre o mote do que será o resto do disco. Os 26 elementos da orquestra de câmara tocam lado a lado com a banda. Ashes… contêm todos os elementos clássicos do pos-rock, com os crescendos a fundirem-se de forma simplesmente genial com a singela melodia inicial. São 12 minutos de puro deleite sonoro.

Burial at Sea, é uma música negra, um grito de guerra, onde os primeiros seis minutos justapõem uma melodia delicada com uma precursão de guerra. A trancição final assemelha-se estranhamente ao som dos Explosions In The Sky. É provavelmente o momento menos feliz do disco e no entanto, não deixa de ser maravilhosa. Silent Fligh, Sleeping Dawn, prosegue o caminho da música anterior, sendo o segundo tema mais curto dos disco.

Depois do feedback final de Pure As Snow (Trails of the Winter Storm), surge o tema mais curto do disco, Follow the Map, oferece um momento de refleção e de quietude sonora, para o ouvinte recuperar os ouvidos para mais dois temas finais, bem acima dos 10 minutos cada uma. The Battle to Heaven e Everlasting Light, que perseguem o tema inicial na sua construção em crescendos, interligando a orquestra, sem nunca se sobreporem nem se atropelarem, criando uma dimensão única.


Com Hymn to the Immortal Wind, a banda japonesa mantêm os predicados de serem uma das bandas mais inovadoras e criativas da ultima década, conseguindo mais uma vez elevar um disco à categoria de imprescendivel para qualquer melómano que se preze.


Follow the Map






Ponto de escuta:
Ashes in the Snow
The Battle to Heaven

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